1.º Lugar, carta de Fernando Martins Alves

Querida Li é uma carta de amor, escrita em verso normal, plena de crer e ardor, e carinho conjugal, que o amor supera tudo que se possa imaginar, por isso aqui eu saúdo, esta forma de amar. Junto a ti, aqui, cheguei, senti, parei, junto a ti, sorri, chorei, perdi, ganhei, junto a ti, servi, mandei, caí, fiquei, junto a ti ergui,

andei, corri, cansei, junto a ti, eu vi, sonhei, vivi, amei... aqui junto a ti, eu quero dormir, sono repousado, acordar, sentir, sentir-te a meu lado... e bem junto a ti, liberto sem dono, sonhando aprendi, a dormir sem sono... que a vida é um solo, tocado a dois, fermento de um todo, colhido depois... eu quero dormir, contigo aqui,

acordar, sentir-me, juntinho a ti... que amar é sonhar, é tempo que corre, é querer matar, quem por crer já morre... Foi para ti meu amor, que escrevi e senti, com ternura e fervor, que bom viver junto a ti... do teu amor Fernando Martins Alves

 

2.º Lugar, carta de Luciana Moura

Meu Amor

Chamo “meu Amor” a um “Tu” que desconheço, mas é a Ti que quero dizer estas palavras que nunca lerás; as mssmas que nunca te conseguirei dizer.

Quem és tu que procuro em manhãs de nevoeiro? És quem penso que és?

Cruzaste-te no meu caminho e provaste ser o maior mistério com que jamais me deparei. Tanto estás presente, como estás ausente. Mostras desprezo afastamento, mostras apreço e contentamento. Como podes ser o conjunto de tantos opostos? Como te posso decifrar se não me deixas ver a tua Alma?

Quantas vezes poderá um coração ser partido? Tantas quantas lágrimas verti por cada letra do teu nome.

Compreendes agora? Compreendes que o Amor pode ser Amarelo?

Como poderás estar presente se não te conheço? Ah, claro… a presença não tem de ser física. O coração sente o que os olhos não veem. Os olhos enganam e deixam-se levar por perspetivas erradas; o coração? Vê tudo. Imagino-nos a conversar num banco de jardim, que tantas confissões ouviu, com vista para o Douro: “-Confias em mim?”, “- Incondicionalmente.”

Advérbio de modo, a nossa palavra. A nossa forma de dizer “Amo-te”.

Já era Amor antes de o ser, já era Amor desde que o Sol é amarelo. E nesse Amor deposito toda a esperança que ainda me resta, a mesma esperança que me mata por dentro. De duas coisas tenho a certeza: de que o Amor não tem data de validade nem a esperança pode morrer.

Estas palavras são para ti. E poderia dizer muito mais, se palavras existissem para descrever este sentimento que sinto sem nunca te ter visto.

Idealizo-te. Imagino-te. Penso-te.

Sei que não lerás esta carta mas, de coração aberto, neste papel escrito a tinta permanente, digo o quanto te amo, esperando que te apercebas de que estou aqui para ti, incondicionalmente.

Luciana Moura

 

3.º Lugar, carta de Helena Coelho

Uma carta vou escrever ao meu namorado querido.

Lamento muito dizer: já está falecido.

Álvaro é o seu nome e por mim muito amado;

Mas também tenho a certeza que morreu por mim apaixonado.

Álvaro dos meus encantos, meu amor, minha paixão.

Ai que saudades eu tenho de ouvir-te tocar acordeão.

Namoramos longos anos com algumas coisas boas e más;

Mas eu sou boa rapariga e tu eras um bom rapaz.

Eu esta noite sonhei

as outras a sonhar vinha.

Tinha o amor ao meu lado

acordei estava sozinha.

No dia dos namorados íamos almoçar fora.

Desses tempos interessados;

que saudades eu tenho agora.

Adeus, até sempre meu querido, meu amor.

Nos céus nos encontraremos um dia

mas quanto mais tarde melhor.

 

Helena Gomes