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Como posso dar indicações/informações do local onde a pessoa se encontra e o que deseja alcançar?

É necessário perceber se a pessoa está orientada e posicionada corretamente face ao sentido que quer tomar para alcançar o seu destino. Se tal não acontecer, é importante posicionarmos a pessoa corretamente e dar-lhe indicações. Todas as orientações (esquerda, direita, frente, atrás) devem obedecer à posição de corpo da pessoa cega e não à posição de corpo de quem está a dar as orientações/indicações.

Como posso ajudar uma pessoa cega a deslocar-se?

O primeiro passo é saber se a pessoa precisa de ajuda para se deslocar. Se a resposta for afirmativa, o mais provável é que a própria procure o nosso braço mas, para facilitarmos esse encontro podemos, com o nosso braço (cotovelo), tocar levemente no braço da pessoa para indicar a nossa posição. É a pessoa cega que segura no nosso braço e não o contrário. É importante que a pessoa cega se sinta segura na deslocação.

Depois, perceber para onde a pessoa quer ir, qual o seu objetivo e orientá-la face à informação dada pela própria. Ao caminhar, o guia deve ir à frente. A distância que separa o guia da pessoa cega deve ser de meio passo atrás. O guia pode manter o seu braço fletido ou pendurado. É importante olharmos em frente e darmos atenção à velocidade da nossa passada, esta tem de ser confortável aos dois. O guia deve andar sempre do lado do trânsito para proteger a pessoa que esta a guiar. Se achar importante, pode ir dando algumas informações pelo caminho.

Por último, ao chegar ao local desejado pela pessoa com deficiência visual, é importante orientá-la face a um ponto de referência que a própria possa identificar ou que já tenha identificado no início do pedido de ajuda.

Para que a pessoa aprenda a deslocar-se, é necessário algum apoio específico?

O serviço de orientação e mobilidade compreende uma das áreas de reabilitação. Este tem por objetivo capacitar a pessoa com deficiência visual a se orientar e a movimentar no espaço. A intervenção do serviço de orientação e mobilidade tem como destinatários crianças e jovens em idade escolar, adultos em idade ativa e seniores. Tem por base um programa personalizado, planeado e executado com ações específicas para cada uma das faixas etárias, consoante necessidades e prioridades identificadas pela própria pessoa com deficiência visual e/ou estrutura familiar, quando esta se envolve.

Se tiver um cão-guia, a pessoa cega não precisa de saber o percurso?

Embora os cães possam ser treinados para desviar a pessoa cega de vários obstáculos, eles não tem um GPS incorporado. São treinados para observarem o fluxo da área a ser percorrida e, daí sim, realizar a ação desejada com segurança. Em relação ao percurso, a própria pessoa cega tem de ter o mapa mental do mesmo. Estes cães são treinados por profissionais especializados.

A pessoa com deficiência visual tem de usar bengala para se deslocar?

Deve usar uma bengala branca (específica para a deficiência visual) quando a própria tem consciência que ao deslocar-se coloca-se em risco e que este advém da falta de visão para detetar o espaço que a rodeia e tomar decisões no meio que a circunda, quer no exterior (rua) ou no interior (residência e outros espaços).

Se as pessoas cegas não veem, como é que conseguem deslocar-se?

Podem ser guiadas por outra pessoa, utilizar uma bengala branca ou um cão-guia. Aliado a esses recursos, a pessoa pode e deve usar a audição, o tato, a cinestesia (perceção dos seus movimentos), o olfato, o mapa mental do espaço que a envolve (criado enquanto via, se for o caso) e a visão residual (quando tem baixa visão) para se orientar. A pessoa cega desloca-se tendo em conta o mapa mental e os pontos de referência. Estes são necessários para identificar/orientar aspetos importantes ao longo do percurso, como por exemplo identificação de passadeiras, paragens de autocarros, edifícios, mudança de lado de passeio, entre outros. Por exemplo, a mudança de piso num determinado passeio pode ser um ponto de referência para identificar uma passadeira, ou uma caixa de eletricidade colocada na parede de um edifício pode ser um ponto de referência para identificar que a alguns metros encontra-se a porta dos CTT, entre outros exemplos.

A pessoa com deficiência visual pode deslocar-se sozinha?

Se não existir outro comprometimento, qualquer pessoa cega pode deslocar-se no seu meio sozinha desde que consiga orientar-se no espaço e movimentar-se em segurança. É importante que saiba onde está, para onde quer ir e como fazer para chegar ao lugar destinado.

Quem deve ensinar Orientação e Mobilidade?

Os profissionais devidamente habilitados para o efeito. O ensino de orientação e mobilidade não se limita ao ensino das técnicas de utilização de guias, à aquisição das noções e capacidades que deverão anteceder o uso de uma bengala, ou à técnica da sua utilização propriamente dita. É necessário, além disso, desenvolver a mobilidade do corpo, consolidar a educação sensorial e estimular o desenvolvimento de determinados conceitos.

O que é orientação e mobilidade?

A orientação é a nossa capacidade de perceber o ambiente, de saber onde estamos. A mobilidade é capacidade de nos movimentarmos (controlo dos nossos movimentos de forma organizada e eficaz). Ambas estão presentes na vida de todos nós e dizem respeito a todos os seres humanos, sendo fundamentais para que a pessoa possa interagir com o ambiente.