“O Braille que pensamos é o Braille que “sentimos”!”

1.º - O Projeto de que vamos falar destinou-se a produzir uma Tabela Braille Universal para a Língua Portuguesa (TBULP) destinada aos utilizadores do Teclado Soft Braille Keyboard (SBK), tabela utilizada para escrever Braille em equipamentos com ecrãs tácteis. O Projeto inicialmente contou com a colaboração das seguintes pessoas: Ana Medeiros, Diogo Costa, Fernando Jorge Correia (de Portugal), Michel H. Silva e Wanderley C. M. Santos (do Brasil).

2.º - O processo de construção desta Tabela passou por várias fases. Na primeira, fizemos um levantamento do que existia no respeitante ao Sistema Braille, esforçando-nos sempre por respeitar a Grafia Braille da Língua Portuguesa; na segunda, procurámos estabelecer os princípios aos quais se sujeitaria a elaboração da Tabela; a terceira pode ser descrita como a fase da construção da Tabela propriamente dita.

3.º - Entretanto, apesar de o termos tentado sempre, verificámos que seria impossível, partindo das Grafias Braille que existem, produzir uma Tabela que permitisse, como mínimo, escrever o Português básico, letras mais comuns dos alfabetos europeus e sinais Matemáticos, além de ter de respeitar algumas regras da produção escrita em páginas da Internet.

4.º - Deparámo-nos com vários problemas durante o nosso percurso, não encontrando soluções para eles nas Grafias Braille atuais, a saber: várias formas de representar em braille o mesmo sinal dependendo do contexto, diferenças de sinal em braille quando lido em papel, quando impresso ou quando lido em equipamentos digitais, falta de sinal (ou sinal inadequado) para pontos isolados ou combinações de pontos, impossibilidade de escrever comodamente num “telefone inteligente” usando o chamado “Braille de oito pontos”…

5.º - Decidimos, a determinado momento, tais eram as dificuldades com que nos defrontávamos, definir os princípios pelos quais nos guiaríamos no nosso trabalho. A consequência desta tomada de posição, inevitável, foi percebermos que as Grafias actuais não respondiam às nossas necessidades, tendo que proceder a alterações mas respeitando-as, sempre que possível.

6.º - Tendo consciência perfeita de que passaríamos a proceder a alterações substanciais nas Grafias existentes, procurámos estabelecer as regras para realizarmos esse trabalho, o qual precederia a construção de qualquer Tabela. Com efeito, o que se lerá de seguida corresponde ao conjunto de princípios que, na nossa opinião, a produção de qualquer Grafia Braille deverá respeitar.

7.º - Os princípios pelos quais nos conduzimos na construção da Tabela, e que explicitaremos de seguida, são: princípio da supremacia do braille de seis pontos, os da uniformidade, da não-contradição, da integralidade, da “comunicação perfeita”, da especificidade, o da razão pedagógica ou didáctica.

Grande plano de mão de pessoa a manusear telefone tátil.

8.º - O princípio da supremacia do braille de seis pontos pode ser definido do seguinte modo: ou através de pontos isolados ou por meio de combinações de pontos, deverá ser possível representar em braille as letras e sinais que uma pessoa tenha de usar no seu quotidiano, tanto escrevendo numa tradicional máquina datilográfica braille, como preparando um documento para impressão ou digitando uma mensagem no seu “telefone inteligente” para alguém que não conheça o sistema de leitura natural das pessoas cegas, dado que, utilizando o chamado “Braille de oito pontos ou “Braille de Computador”, não seria possível escrever no ecrã e segurar o aparelho, comodamente.

9.º - O princípio da uniformidade exige que as Grafias Braille estabeleçam regras uniformes respeitantes ao braille impresso em papel, ao braille lido numa linha braille ou ao texto ecoado por um sintetizador, independentemente do equipamento que esteja a ser utilizado, no que concerne a sinais braille usados. Convém que os sintetizadores de voz ecoem cada sinal respeitando a sua designação na Grafia Braille, não podendo aceitar-se que um dado sinal na tabela usada por uma impressora seja diferente do utilizado numa linha braille para obter a mesma letra ou que haja sinais diferentes introduzidos, à revelia das autoridades, por quem produz ou vende os equipamentos.

10.º - Pelo princípio da integralidade, defendemos a existência de uma Grafia que permita a criação de tabelas que sejam capazes de representar todos os sinais, tanto no braille de seis como no de oito pontos, sempre respeitando o princípio da primazia do braille com a célula de seis. Para quem utilize “telefones inteligentes”, por exemplo, é necessário que as tabelas braille baseadas na célula de seis pontos possibilitem a representação de sinais de maiúscula, de número e de todos aqueles que incluam duas ou mais células.

11.º - Outro princípio é o da comunicação perfeita, isto é: o que for escrito numa linha braille corresponderá sempre ao que se escrever num teclado de computador. Dois exemplos: se escrevermos, na linha braille, o sinal de maiúscula e a respectiva letra, no ecrã de computador deverá aparecer a letra maiúscula; se se escrever na linha braille o ponto 5, no computador deverá aparecer um caracter convencionado para ser esse ponto e se, por sua vez, o escrever no teclado do computador ou num táctil, deverá aparecer o ponto 5 na linha.

12.º - O princípio da especificidade pode ser sintetizado da seguinte forma: é necessário que haja uma grafia para cada campo do saber, mas que cada uma contemple também as necessidades básicas ao nível do Português, da Matemática e da Informática, por exemplo; ou dito de outra forma: que a Autoridade responsável pela sua produção determine o que é básico em cada uma.

13.º - O princípio da não-contradição, definido como a impossibilidade de que um sinal braille na Grafia básica possa ser representado de outro modo numa das específicas, foi aquele que trouxe grande perturbação ao nosso trabalho e, por assim dizer, foi aquele que nos levou a proceder a alterações ao nível das Grafias existentes.

14.º - Outro princípio que considerámos é o da razão pedagógica ou didática. Sendo possível escrever tudo numa máquina datilográfica braille tradicional, num teclado (seja ele qual for), num ecrã táctil utilizando a célula braille de seis pontos e respeitando o que chamámos o princípio da não-contradição, deveria estar sempre presente nas preocupações dos decisores que publicam Grafias, sejam elas de que nível for, possibilitarem a construção de tabelas com o sentido abrangente que pretendemos dar à nossa, além de que o que convém ao ensino do braille deverá ser sempre respeitado, assim como a história do sistema. Por outro lado, tanto as grafias como as tabelas deverão possibilitar que os utilizadores com conhecimentos comuns ou avançados sejam capazes de compreender o que se pretende com as primeiras e de instalar e trabalhar facilmente com as segundas. Para o efeito, os promotores da sua divulgação deverão fornecer documentação clara e em formato acessível que dê apoio ao utilizador, tanto no referente a configurações, como ao nível da indicação da designação dos sinais, ajudas que deverão estar disponíveis online e em papel.

15.º - O objectivo mais importante que pretendemos com a construção da TBULP é possibilitar aos utilizadores de ecrãs tácteis escreverem em Português e em braille, em equipamentos com o sistema operativo/operacional Android, através do Teclado Soft Braille Keyboard, utilizando um dedo para cada ponto (três da mão direita e três da esquerda).

16.º - Pretendemos também que seja possível escrever os caracteres de outras línguas, muito embora tenhamos de realçar que esta Tabela parte da Grafia da Língua Portuguesa, o que significa dizer que é mais fácil escrever na nossa Língua que noutras. A quem quotidianamente carecer de escrever em Grego, aconselhamos que instale uma Tabela produzida com esse fim. No entanto, realçamos que, usando esta Tabela, será possível representar os alfabetos grego, latino, hebraico e Cirílico, além de mais símbolos usados em outras Línguas europeias.

17.º - Apesar de não estarem ainda disponíveis, esperamos que a TBULP venha a incluir a possibilidade de representar os sinais das Grafias matemática e Química Braille. Neste momento, apenas é possível escrever os sinais matemáticos básicos.

18.º - Tendo decidido apresentar sucessivas versões melhoradas e não esperarmos até ao momento de dispormos da versão final da TBULP, a metodologia que temos usado para desenvolver o nosso trabalho passa por uma grande troca de informações entre os membros do grupo, por testarmos permanentemente as nossas opções e por produzirmos documentação que complementa as sucessivas versões da TBULP que fomos produzindo. Também criámos um questionário na Internet para auscultarmos os utilizadores.

19.º - Os princípios que decidimos adotar que foram explicados acima, colocaram-nos problemas cuja resolução merecerá uma explicação nos próximos pontos. Se as soluções muitas vezes exigiram que se fosse muito além da produção de uma tabela, solicitando ao desenvolvedor do SBK alterações na interface da aplicação, como exemplos de problemas indicamos os seguintes: querendo construir uma Tabela abrangente, embora tendo como ponto de partida a Grafia Braille da Língua Portuguesa, como representar tantos sinais apenas com combinações de seis pontos? Havendo equipamentos com ecrãs reduzidos, como colocar os seis dedos? Se há utilizadores que estão acostumados à escrita braille numa pauta/reglete (escrevendo do lado direito da célula os pontos 1, 2 e 3), seria possível redimensionar a localização dos pontos no ecrã? Se não há equivalente gráfico em nenhum dos chamados códigos de escrita informáticos (ASCII ou Unicode, por exemplo) dos pontos 4, 5 e 6, bem como das combinações 45 e 46, como torná-los operacionais num ecrã táctil?

20.º - Para construirmos uma Tabela para ser usada em ecrãs tácteis, que tem como ponto de partida a Grafia Braille da Língua Portuguesa, tivemos de conseguir uma solução para representarmos tantos sinais apenas com combinações de seis pontos. Sabendo que a célula braille apenas permite sessenta e três combinações de pontos, optámos por alargar esse número através da introdução do que designamos por Modificadores da Grafia Básica, que adiante apenas chamaremos Modificadores.

21.º - Designamos os dois modificadores por Modificador de Simbologia Matemática (adiante designado por Modificador matemático) e por Modificador Fundamental. Sendo possível operar com um ou mais modificadores, conseguimos escrever muitíssimos mais sinais e respeitar os princípios acima enunciados, dado que se sabe claramente o sinal braille correspondente a cada símbolo gráfico que pode ser digitado por meio de um teclado de computador. Utilizam-se como se descreve a seguir.

22.º - O Modificador Matemático, que se representa pelos pontos 3456, altera o sentido do caracter ou caracteres seguintes, sabendo-se que o caracter ou caracteres escritos após a sua utilização pertencerão à simbologia matemática. Vejamos alguns exemplos:

22.º1 - Os pontos 235 (ponto de exclamação e sinal de mais) e os 135 (a letra «o» e o sinal de maior que). Quando o utilizador quiser escrever no ecrã do seu equipamento o caracter ponto de exclamação, escreverá os pontos 235; quando quiser escrever o outro sinal, terá de digitar os pontos 3456-235. O mesmo sucede com o caracter «o» e o sinal matemático que indicámos: para o primeiro, utilizará os pontos 135, e, para o segundo, os 3456-135.

22.º2 - Sendo o Modificador o sinal de cardinal e o sinal indicador de número em braille, ele tem algumas restrições no seu uso, a saber: não pode ser usado como Modificador antes das letras minúsculas de “a” a “j” do alfabeto latino, para se poder representar o sinal indicador de número, pois na Grafia Braille as supracitadas letras representam os algarismos de 1 a 0 quando antecedidas desta combinação de pontos (sendo o algarismo um os pontos 3456-1 e o zero os 3456-245).

22.º3 - Houve também necessidade de alterar a combinação de pontos para representar o sinal de cardinal, pois na TBULP passa a ser 3456-3456.

23.º - O Modificador Fundamental, representado pelos pontos 456, tem a função de permitir a escrita de letras de alfabetos não latinos, como é o caso do alfabeto grego, o hebraico, e o cirílico.

23.º1 - As letras do alfabeto grego representam-se através do Modificador Fundamental, seguido do ponto 4, como determina a Grafia Braille actual, para as minúsculas, e dos pontos 45 para as maiúsculas. Assim: o alfa minúsculo escreve-se com os pontos 456-4-1. A letra alfa maiúscula escreve-se com os pontos 456-45-1.

23.º2 – No alfabeto hebraico, as letras são escritas antepondo-lhes o modificador, seguido do indicador de alfabeto hebraico (456) e a letra, como por exemplo no caracter «bet» que se escreve digitando os pontos 456-456-12.

23º.3 – No cirílico as letras representam-se através do modificador seguido do ponto 6 para as minúsculas e dos pontos 456-56 para as maiúsculas, como por exemplo o «a» é representado pela combinação 456-6-1 e o «A» pelos pontos 456-56-1.

24.º - Sendo na Grafia braille actual a barra vertical representada pelos pontos 456 e tendo nós usada essa combinação para um dos nossos modificadores, na TBULP a barra vertical terá sempre de ser escrita antecedida e seguida por espaço.

25.º Como dissemos, a opção pela célula braille de seis pontos resultou da análise que fizemos da história do Sistema Braille, de questões anatómicas e de problemas técnicos. Quanto ao primeiro ponto, não nos merece dúvida: Louis Braille quando criou o sistema de leitura/escrita que hoje é conhecido pelo seu nome, estudou, com certeza, a anatomia humana e verificou que a célula de seis pontos, composta por duas filas de três dispostos na vertical, era a adequada tendo em conta a ponta dos dedos das mãos, permitindo também que crianças o pudessem aprender.

26.º - Verificámos que havia no mercado equipamentos com ecrãs tácteis que não permitiam escrever os seis pontos ao mesmo tempo. Para resolver este problema, que impossibilitava a escrita da letra “E” com acento agudo, optámos pela seguinte solução: esse caracter poderá ser escrito de duas maneiras, ou utilizando a combinação tradicional da célula completa ou escrevendo os pontos 12345-6.

27.º - O SBK permite, após configuração, colocar no ecrã táctil os dedos em duas filas paralelas de três posições e atribuir a cada uma das posições um ponto da célula braille. Permite, também, escolher qual a fila de pontos que ficará do lado direito ou esquerdo do ecrã, por forma a respeitar os hábitos de utilizadores que escrevam na máquina datilográfica braille ou os que usem uma pauta/reglete.

28.º - Tendo verificado que não há equivalente gráfico em nenhum dos chamados códigos de escrita informáticos (ASCII ou Unicode, por exemplo) dos pontos 4, 5 e 6, bem como das combinações 45 e 46, decidimos atribuir-lhes uma tecla dos teclados comuns, a fim de facilitarmos a sua escrita em dispositivos com teclado braille e em outros teclados. Assim: na rubrica que na TBULP tem por título “Diacríticos/Acentos Gráficos Autónomos” pode ler-se:

28.º1 - O acento circunflexo é representado pelo ponto 4.

28.º2 - O acento Til pelo ponto 5.

28.º3 - O acento agudo pelo ponto 6.

28.º4 - O acento Trema pelos pontos 45.

28.º5 - O acento grave pelos pontos 46.

28.º6 - Para escrever o ponto 5, bastará digitar o acento til de um teclado vulgar e dar espaço.

29.º - Quanto à escrita de maiúsculas, a TBULP respeita as regras da Grafia Braille da Língua Portuguesa.

29.º1 - Para se escrever uma letra maiúscula no SBK, bastará, para o caso do «A», premir os pontos 46 seguidos do ponto 1.

29.º2 - Se quisermos escrever uma palavra em maiúsculas, digitaremos o 46-46 antes da mesma; se quisermos escrever uma frase com mais de três palavras todas em maiúsculas (que não sejam nomes próprios), usaremos antes da primeira os pontos 25-46-46 e antes da última 46-46 e a mesma regra para quando se trate de inicial maiúscula, aqui apenas digitando 46.

30.º - Outra regra da Grafia que respeitámos é a da transcrição de números seguidos de letras minúsculas do alfabeto latino. As letras latinas minúsculas de “a” a “j” quando são antecedidas de números têm de levar o ponto 5 como sinal de separação. Assim: cinco gramas será grafado em braille pela sequência 3456-15-5-1245.

31.º - Ao atribuirmos ao acento grave a combinação de pontos 46, fomos forçados a modificar os pontos de algumas letras com acento grave ou craseadas, dado que actualmente não existem na Grafia da Língua Portuguesa (o que é vulgarmente conhecido por “Acordo Ortográfico”) mas usam-se em outras Línguas.

31.º1 - I com acento grave: 3456-146.

31.º2 - O com acento grave: 3456-2456

31.º3 - U com acento grave: 3456-156

32.º - Quanto às letras com acento agudo, procedemos ao acrescento do «y com acento agudo», representado pela combinação 146

33.º - Como as letras «i com acento circunflexo» e «u com acento circunflexo» não existem na grafia da língua portuguesa, a escrita destes caracteres começa pelo prefixo correspondente ao acento circunflexo seguido da letra correspondente com o acento agudo.

33.º1 - I com acento circunflexo: 4-34

33º.2 - U com acento circunflexo: 4-23456

34.º - Quanto às letras com acento til, indica-se que a combinação de pontos tradicionalmente atribuída ao «i com trema» passou a representar apenas o «n com acento til»: 12456, uma vez que o ensino da Língua Castelhana está em crescimento nas escolas portuguesas, além de que as relações com Espanha estão em desenvolvimento acelerado a todos os níveis.

35.º - Em relação aos caracteres acentuados com trema há a assinalar o seguinte: como as letras “a com trema”, “e com trema”, “i com trema”, “o com trema” e “y com trema” não existem na actual grafia da língua portuguesa, a escrita destes caracteres começa pelo prefixo trema (pontos 45) seguido da letra correspondente com o acento agudo, o que significa que a antiga combinação de pontos para o «I com trema» foi abandonada.

36.º - Queremos salientar outras alterações no referente à representação de carateres:

36.º1 - Na secção da TBULP intitulada “Letras com Ligadura” é indicado que estes caracteres se escrevem colocando-se antes da letra com acento agudo o ponto 4, como é exemplo o “AE ligadura” que se representa pelos pontos 4-1.

36.º2 - O “s sharp” ou eszett (letra do alfabeto Gótico incorporada ao alfabeto Alemão) é representado pelo e com acento grave” (a tinta este sinal parece-se com um beta maiúsculo) depois do prefixo trema. Os pontos indicados na Grafia da Língua Alemã são os 2346.

36.º3 – Foi acrescentada a representação de “Letras com Caron” e o “O Cortado”, usando-se antes de tais caracteres indicados o ponto 5, como no exemplo do “Z com caron”: 5-1356

36.º4 – São acrescentadas outras letras e outros sinais, mas que seria fastidioso aqui explicar. O seu uso escasso na Língua Portuguesa não justifica uma explicação ampla, não deixando nós, no entanto, de possibilitar a sua representação, como é o caso das letras consoantes com acentos agudo, til, circunflexo e trema, das chamadas “letras com anel/Círculo Sobrescrito” ou a cedilha. Ao longo da TBULP foram colocadas notas que explicam cada caso.

37.º - Neste ponto assinalamos outras alterações da TBULP em relação à Grafia Braille actual.

37.º1 – No referente à escrita de símbolos monetários, mantivemos o cifrão, que se escreve com os pontos 56. Mas, utilizando-o como uma espécie de modificador, decidimos escrever todos os símbolos monetários com ele, o que nos permitirá acrescentar novos no futuro, bastando que não colidam com as sequências de pontos dos atuais.

37.º2 – Na Grafia Braille actual prevê-se a existência da quebra de página ou transpaginação para indicar que houve uma alteração de página a tinta: 25-2. Na TBULP alargamos esse conceito, criando o símbolo de transpaginação nos textos em braille. Para representarmos esse sinal, bastará escrever os pontos 456-25-2, convindo notar que, na presença da quebra de página ou transpaginação, bem como da quebra de página para textos em Braille, não pode haver translineação de palavras.

38.º - Na Grafia Braille da Língua Portuguesa actual apenas é permitido representar palavras ou texto em itálico. Na TBULP é possível representar palavras ou textos em negrito e sublinhado.

39.º - Por certo que haverá quem afirme que será difícil utilizar todos os sinais que são propostos e que muitos deles não têm grande utilidade para quem escreva em Português. Pode ser verdade, mas o utilizador que escreva no seu ecrã táctil tem ao seu dispor uma ferramenta que lhe possibilita escrever o que necessitar, apenas carecendo de algum estudo.

40.º - Seguindo os nossos princípios, propomos, em vez de muitas tabelas, apenas uma, recorrendo a instrumentos operatórios que designamos por Modificadores. Não sabemos se esta forma de pensar a escrita e a leitura braille será a seguida pelas autoridades. Contudo, parece-nos que o caminho que abrimos com a construção da TBULP não poderá ser esquecido por quem queira resolver, de uma vez por todas, os problemas com que se defronta o Sistema Braille nos nossos dias.