Audiodescrição do espectáculo de dança “Suores de Mel e a Morte Não Terá Domínio”, de Joana von Mayer Trindade e Hugo Calhim Cristóvão.

Reconhecimento de palco: 20h

Duração do espectáculo: 90 minutos

Sinopse:

"A criação de dança, Suores de Mel e a Morte Não Terá Dominio, ocorre cinquenta anos após o momento revolucionário do 25 de Abril e trata a Dança como insubmissão e revolução dionisíaca de Heterodoxia. Em articulação com "Heterodoxias" de Eduardo Lourenço, a Heteronímia de Pessoa, “Mitologias” de Eudoro de Souza, a poesia sensual de Natália Correia, de Luiza Neto Jorge, o novo dionísiaco de  A. O. Spare, a pesquisa de K.Kerenyi, o Symposium de Platão, o recuperar de Diotima de A.Silva, a epopeia “Dionisiacas” de Nonus, censurada nos cânones construídos e reconhecidos do épico, e a Filosofia/Dança de Nietzsche, que se mantém da criação anterior.  Inicialmente, era de mel a embriaguez dionisíaca de insubmissão. De cavernas onde se dizia que as abelhas suavam mel. Como os humanos quando o calor lhes torna a pele rubra e a "mania" os assola para longe da pulsão coletiva para o conforme.   Manifestando-se como dança de urgência no amplexo, dança urgente de dionisíaca entidade sexualizada e multiforme, em constante mutabilidade nas entranhas, revolta das árvores e da floresta em silêncio, transgressão de identidades convictas, transgressão de terceiros excluídos. Dança de irresolúvel dialéctica, saturnália em resolução sempre por ser, dança ininterrupta de loucos, dança de inversão de uma socialização restrita em códigos e papéis, ordenações e progressões. Dança das pulsões que eclodem na “carne que enfeitiça o além” (N. Correia.) Nesse dançar-se, o mover da insubmissão esporeia a criação para um caminho de heteronomia,  na dança insane e fervida, um arder dionisiaco, obsessão e revolução. Presentes insubmissos da arte em movimento e da política em movimento, para que saibamos ser no silêncio que a seguir se sonha e se pisa “hóspedes da santidade que não se manifesta” (Natália Correia). A mitologia do “milagre grego” transforma um conjunto muito díspar de manifestações de insubmissão do feminino, em festivais organizados de estado e de cidade com fins pretensamente catárticos de emoção colectiva. O feminino, fora de cena, é revertido para musa, com figuras masculinas basicamente imóveis em cima de coturnos e predomínio da voz. Um coro em uníssono a condenar a hubris como pecado. Um Deus Ex Machina a salvar a face de vez em quando. Uma filosofia, dita nova, onde uma República distópica emerge em pensamento associa o conhecimento ao conhecimento da morte, conhecimento da preparação para a morte, de estratificações da morte. Uma glorificação pela morte, o tipo de heroísmo que se deixa morrer, que convém ao poder cultivar. Uma Apologia que acaba em cicuta. Na escolha da morte. O padrão do "domínio": "Death Shall Have No Dominion" é um poema de Dylan Thomas sobre a sobrevivência da vida, perante o torturar, massacrar, e embrutecer, da temporalidade corrente.  Porque “os deuses não nos querem de joelhos” (N. Correia), para que a lição das revoluções não seja a de que nada se aprende com as revoluções porque nada na insurgência é já do presente e tudo no presente mete medo sem meter no medo o assombro. Sem convocar inscrita em dança a “carne que enfeitiça o além”."

Informações e reservas: 289 400 820 ou cinereservas@cm-loule.pt

 

Fonte: Anaísa Produções e Cineteatro Louletano