Audiodescrição da peça de teatro “Pagar?! Aqui, ninguém paga!”, uma comédia de Dario Fo e Franca Rame, pelo Teatro dos Aloés.

Reconhecimento de palco: 15h

Classificação: M/12

Sinopse:

"Dario Fo, Prémio Nobel da Literatura escreve e reescreve esta obra de intervenção, fruto do contexto de sucessivas crises económicas em Itália – em 1974 e em 2008. A história desenrola-se em função de duas mulheres que se envolvem num protesto de donas de casa contra o aumento dos preços dos produtos dentro de um supermercado, propondo pagar metade do seu preço e acabando por levar para casa alguns produtos sem pagar. A crise na fábrica onde trabalham os seus maridos e as buscas da polícia na vizinhança estruturam uma situação cheia de entradas e saídas, perseguições e segredos num contexto de muita confusão. Chegadas a casa, precisam de esconder o seu saque, pois o marido de uma delas é um homem de valores rígidos e não compactuará com uma situação de roubo. Margarida aceita ajudar a esconder o saque, mas repentinamente o seu marido Luís chega a casa mais cedo. Começa aí um conjunto de manobras de diversão para ocultar o saque aos maridos e à polícia que iniciou buscas em toda a vizinhança, dando origem a diversas situações cómicas. É a este marido que a maior transformação da história acontece. No original, o seu personagem foi escrito como uma espécie de comunista conservador: determinado a lutar pelas causas sociais e definitivamente contrário ao consumismo capitalista e à desordem. João insurge-se com o status quo e cansado da precariedade, do emprego temporário, das alterações associadas às novas formas de organização do trabalho, acaba por “render-se” revoltando-se, e também ele roubando. A peça questiona por um lado, o ideal filosófico de sociedade desapegado das realidades quotidianas representado por João; e, por outro, as dificuldades do dia a dia - contas vencidas, dinheiro escasso, comportamentos em transformação – representadas por Antónia. Depois de uma carga policial e da violência das ações de despejo no bairro, a polícia retira-se e os moradores retornam a suas casas. Mas não há uma “vitória” dos revoltosos, a escassez de dinheiro, a precariedade, mantém-se. Fica, no entanto, patente que o imobilismo, a passividade, o conformismo, que o poder instituído tenta impor à população, não prevalecem e que é possível reivindicar a melhoria das suas condições. A pertinência e atualidade da obra assentam na realidade contemporânea, em que continuam a conviver 2 modelos económicos paralelos, em que uma grande franja da sociedade continua a ter condições de vida difíceis, relações de trabalho precárias ou mesmo muito periclitantes, sendo invisíveis aos olhos dos restantes. A realidade económica dos mais desfavorecidos, incluindo a vaga de emigrantes na atual sociedade portuguesa, continua a ter razões para gritar “Não pagamos”. Esta faixa da população não se revê nos modelos sociais e políticos estabelecidos, rejeitando-os e procurando dar voz à sua insatisfação e procurando respostas para as suas necessidades e aspirações ficando vulnerável a propostas demagógicas e populistas".

Informações e reservas: teatrodosaloes@sapo.pt ou 916 648 204 (Chamada para a rede móvel nacional)

Esta sessão inclui também conversa com o público após o espetáculo.

 

 

Fonte: Anaísa Produções e CM Amadora